segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Assembléia estudantil Bandejão

Assembléia estudantil dia 26 de outubro, terça-
feira, às 11h30 no BANDEJÃO

Pauta: Aumento do bandejão para 3,30.



CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES DA UFMG: CONTRA O AUMENTO DO BANDEJÃO!

A Reitoria e a FUMP colocaram em discussão uma proposta de aumento do preço do Bandejão visando
adequação à Resolução 009/97 que impede subsídio a estudantes não assistidos pela FUMP:
· Aumento do preço de R$2,50 para R$ 3,30 (preço de custo da refeição)
· Isenção total para carente 1 e manutenção dos valores para carente 2 e 3 (R$ 0,75)
Considerando isso, o Conselho de DA’s e CA’s, reunido no dia 15 de outubro de 2010, se posicionou da seguinte forma:
· A FAVOR da Isenção TOTAL do valor da refeição para Carente 1 e manutenção do valor para Carente 2 e 3.
· CONTRA a proposta de aumento para R$3,30 do bandejão
Defendemos a Assistência Estudantil como um direito de todos os estudantes e fundamental para a permanência de QUALQUER estudante na
universidade. Ela vai além da alimentação, moradia, bolsa, e inclui também acesso a livros, transporte, creche, cultura, lazer, etc., e tudo aquilo
necessário para garantir a formação humana e acadêmica mais completa.
Por isso, convocamos TODOS os estudantes a lutar contra o aumento do preço do Bandejão e a construir uma nova política de
assistência estudantil para a universidade gerida por uma Pró-Reitoria de Assistência Estudantil!

A vitória dos estudantes será fruto de muita mobilização e unidade!
Participe da Assembléia Geral no dia 26 de outubro, terça-feira, às 11h30 no BANDEJÃO!

Assinam essa carta: DCE UFMG, DA FACE, DA FAFICH, CACS, DAICEX, CAPSI, CAFITO, DA ICB,
DAAB, CAAP, DA Computação, DA LETRAS, CALS, DAFAFAR, DA VET, DA ECI, CAHIS, DA FAE,
DA MÚSICA, DAEBA, DA Engenharia, DA BIO, DA ICA, UNE, UEE-MG, ANEL, Movimento Correnteza,
Movimento ‘A Hora é Essa’, Coletivo Espaço Saúde.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

SOMOS TODOS PIORES DE BELÔ

[Este texto vêm na esteira de outros textos e discussões puxados sobre o assunto recentemente através da internet. Trata-se de um texto sem autoria, criado a muitas mãos durante as últimas semanas. Sua reprodução é permitida e desejada]

SOMOS TODOS PIORES DE BELÔ
 piores

Enquadrados como...?  

No último dia 24 de Agosto, numa terça-feira, seis homens foram presos em Belo Horizonte acusados pelo crime de formação de quadrilha. Os seis são mais conhecidos por seus nomes de guerra: Lic, Lisk, Fama, Goma, Sadok e Ranex, e a “quadrilha” em questão ganhou popularidade na cidade como Os Piores de Belô. O crime praticado por eles, enquanto “quadrilha“, não é dos mais comuns nessa classificação: pixação.  

A prisão extraordinária de pixadores pelo crime de formação de quadrilha faz parte de uma história um pouco mais complexa, que começa pelo anúncio de uma Copa do Mundo no Brasil, passa por políticas públicas imediatistas e autoritárias, e não temos idéia de onde vai parar. Nesse caso específico, o episódio é protagonizado pelo “Movimento” Respeito por BH, que de movimento não tem nada, consiste em mais um programa do governo de Márcio Lacerda. Por iniciativa do pseudo-movimento, o Ministério Público e a Polícia Civil passaram a investigar os pixadores de Belo Horizonte através da internet e de buscas em suas residências (com a conhecida “gentileza” das forças policiais), onde apreenderam desnecessariamente computadores e outros itens dos acusados.  

Por fim, como um ápice cinematográfico das chamadas operações BH Mais Limpa, buscaram mais uma vez os Piores de Belô em casa, de viatura, e os encaminharam para uma penitenciária onde aguardam julgamento por um crime que não lhes diz respeito. Aguardamos, juntos, a mais uma condenação pública da liberdade de expressão mineira.   


A invenção do criminoso e histórias similares 
 


São velhas conhecidas as figuras dos bodes expiatórios. Animais solitários, distinguidos e separados... crias do abandono. Outras vezes bruxos, feiticeiras, conspiradores, loucos – tipos estranhos premiados com o isolamento.  

Não há exagero. O fato de termos seis homens numa penitenciária acusados do crime de formação de quadrilha por terem pintado com tinta as paredes da cidade evidencia isto. Para os desinformados, vale lembrar: cotidianamente a pixação é tratada como contravenção, normalmente substituída, mediante transação penal, por penas alternativas. O tratamento jurídico normalmente dispensado a ela não chega nem perto daquele dado ao crime de formação de quadrilha. A conveniência de se tomar gato por lebre, neste caso, confirma ainda mais o quanto a “movimentação” Respeito por BH quer fazer de bodes expiatórios os Piores de Belô, em meio a toda uma trama de limpeza da cidade. Os Piores estão deixados como exemplo, são os punidos que servem como mostra pública de até onde pode chegar a retaliação a qualquer ato que fira os princípios de regimento oficial da cidade.  

Primeiro, deve-se alertar: essa operação contra os Piores (e contra a pixação em geral) é orientada por um conjunto de políticas e de modos de se relacionar com o espaço público que hoje já se revelam como tendência em BH e outras capitais mundiais. Especulação imobiliária, entrega do espaço público com benefícios ao capital privado, cerco fechado por parte da segurança pública, enrijecimento da repressão nas ruas, exclusão de informais e indigentes, monitoramento ultra-avançado de algumas regiões, tudo isso somado às contendas das famílias tradicionais e dos grandes investidores. Um pacote que pretende consolidar projetos de higienização da cidade - seguir na seleção dos úteis e dos inúteis nesse palco.

Ora, a pixação, insistentemente definida como vandalismo pela grande mídia e  pelo senso comum, é o vandalismo que não inutiliza o objeto de sua ação, apenas interfere nele. É, além de tudo, cultura produzida e mantida em movimento pelos seus atores sem nenhum tipo de incentivo além da marginalidade. É manifestação própria da cidade, território de criatividade, geradora de questionamentos, formadora de tipos específicos de ator e de memória. Inevitável não fazer a menção histórica: a escrita na parede, de pedra ou de concreto, permeia nossa caminhada cultural do início mais remoto às manifestações artísticas contemporâneas - que o sistema de arte (e portanto o próprio sistema capitalista) celebra, abrindo champagnes em galerias – passando por toda uma tradição de resistência política e pela expressão espontânea de agentes de todos os tempos.

Importante lembrar o caso do grupo que invadiu e pixou a Bienal de São Paulo, em 2008. Pois se hoje os pixadores paulistas tem credenciais para entrar na mais importante exposição de arte da América Latina, na ocasião de sua ação direta eles foram tratados com jeito semelhante ao dos Piores de Belô. Devido a queixa prestada pela Fundação Bienal à polícia paulista, a pixadora Carolina Pivetta, então com 22 anos, foi encarcerada, acusada de se associar a “milicianos” com fins de “destruir as dependências do prédio” da Bienal, segundo a denúncia do Ministério Público.  

Peraí. “Milicianos”? “Destruir as dependências do prédio”? Vê-se como os termos são, no mínimo, rasos. Tanto no caso dos pixadores paulistas quanto no dos belorizontinos não estamos lidando com criminosos deste calibre, e a interpretação dada aos fatos deturpa a dimensão da pixação. Milicianos, assim como formadores de quadrilha, não se unem para pintar paredes. Pintar paredes, por sua vez, não destrói coisa alguma, antes constrói significados, redes e subjetivações do espaço através da produção de imagens. Importante reforçar: é, antes de tudo, mais um modo de incidir politicamente na cidade.   


A crosta da cidade, território do pixo
  


Fascismo velado à la mineira. A resposta do público diante das notícias da prisão dos Piores de Belô traz à tona a violência recalcada da tradicional família mineira. Pelas páginas de comentários nas redes da internet, por trás de um anonimato covarde, proliferam desejos de execução sumária, exclusão e tortura. “O pixador, esse grande filho da puta, tem que morrer!”, grita afoito o pai de família. A demonização deste ator/ativista controverso das metrópoles deveria nos fazer pensar. Na cidade, onde proliferam mazelas de todos os tipos, onde os desequilíbrios e carências se dão em instâncias essenciais da vida de milhões de seres humanos, é de se questionar a atenção dispensada a uma mazela visual. A pixação é simplesmente a letra escrita, exposta como ferida, mas contra ela se legitimam facilmente o ódio, a tortura e a manobra política.  

O território de atuação da pixação – a superfície da cidade – é uma superfície política. Quando o pixo age sobre esse espaço político  se choca com o uso mercantil que é feito da cidade, expõe uma expressão do marginalizado onde normalmente só se faz esconder, maquiar e especular. A prisão dos Piores de Belô é igualmente superficial. Não se trata de uma solução no sentido forte, mas um remendo, uma tentativa controversa de estancamento da ferida social por onde jorra tinta. Sem nos esquecermos de contextualizar este fato dentro de uma onda de intolerâncias que vem se mostrando nas ações da administração pública de BH. Nem segurança pública, nem poluição visual e nem mesmo a própria pixação (ou os problemas sociais que a estimulam) encontram na manobra do Ministério Público uma resposta adequada. O tratamento dado aos personagens da suposta “quadrilha” fede a artimanha de ditadura.   


SOLIDARIEDADE 


Por tudo isso, se faz necessário gritar LIBERDADE AOS PIORES DE BELÔ! Este grito deve ser levado a cabo por cada um que seja minimamente solidário com a liberdade de expressão e com a manutenção da vida na cidade. Da mesma forma devem ser lembrados os desalojados das Torres Gêmeas e os ameaçados das ocupações urbanas de BH, os impedidos de entrar nas praças públicas e todo aquele que morre de alguma maneira na mentira de um “centro vivo”. Somente por meio da solidariedade que se identifica com o seu igual e tece, a partir daí, uma rede horizontal de resistência podemos fazer a oposição necessária ao disparate que é a prisão dos Piores de Belô, bem como os processos de mercantilização e cercamento das cidades.  



LIBERDADE AOS PIORES! 

SOMOS TOD@S PIORES DE BELÔ!